sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Um ruído desperta todo o meu ser e vasculho pela sua fonte. Uma nova sensação dilacera-me o peito e procuro, a todo o custo, percebe-la. Encontrá-la.
O medo dança à minha volta, rodopia, faz de mim o seu centro. Grita-me em voz estridente, em mensagens trazidas pelo vento. É apenas o nada a bater à porta, a entrar de mansinho, sem aviso prévio. É apenas o nada a apoderar-se do meu sorriso e a caminhar ao meu lado, de braço dado. É só o nada a encher-me o peito de vazio, a rir-se de mim enquanto caio. É só um silêncio que grita tão alto que preciso de tapar os ouvidos com toda a força que me resta. A força que restou da visita da solidão.
Lembro-me de quando vivia convencida de que todo o meu mundo era uma certeza e agora, perante tal ideia, vejo a ignorância que me constituía. As certezas, aquelas que nos parecem tão reais, tornam-se em ilusões, fazendo ruir os últimos pedaços do nosso céu. Despedaçando-o por completo. Haverá mágoa maior do que uma certeza afinal utópica? Haverá dor maior do que uma certeza substituída por uma inexistência de pensamentos? Não, não há. Nem irracionalidade de uma incerteza.
E perdida no meu próprio choro, sorrio simplesmente. Não porque esteja feliz. Mas porque me apercebi de que os sorrisos têm uma imensidão de funções, nomeadamente para tapar buracos que aparecem quando o mar das palavras se transforma em deserto. Servem de falsa plenitude, acalmando o âmago daqueles que fingem importar-se, pois no fim, acabaremos todos entregues apenas a nós mesmos.
De todas as hipócritas certezas só me restou uma, e essa certeza és tu.
A solidão encontrou-me, mas eu também te encontrarei.